Maestro Gastão Pereira recebe homenagem em sua terra

Em fevereiro, o músico, arranjador e maestro Gastão Pereira recebeu da Prefeitura de Pereiras uma placa em homenagem pelos 71 anos de dedicação à música e por seu exemplar trabalho de formação de músicos na cidade, onde é atual regente da Corporação Musical Lira Santa Cecília e o maestro há mais tempo na banda.

O evento “Musical Gastão Pereira – Uma vida em pauta” foi, na verdade, um grande e encontro musical de instrumentistas e cantores pereirenses e da região. Conseguiu lotar o Centro Comunitário e emocionar não só o homenageado, mas a todos que ali estavam para endossar a iniciativa da Secretaria Municipal da Cultura.  Estiveram presentes diversas autoridades, a começar pelo prefeito Roberto Luiz Silveira, a primeira dama Maria Antonieta Thomazella Silveira, o secretário de cultura Rogério Paschoal e a secretária de educação Aurora Maria Vieira, muitos familiares, amigos e parceiros de composições do homenageado. Entre os presentes, destaques para o maestro Pingo (atual regente das bandas de Cesário Lange e Porangaba), o ex-maestro da banda de Laranjal Paulista Décio Diccini, e os escritores Haroldo Prestes Miramontes e Carlos Morais, estes parceiros em letras de composições de Gastão Pereira.

Após exibição de um breve perfil do homenageado pelos apresentadores Carlos Miguel de Morais e Márcia Regina Pereira Tomazela, a “Corporação Musical Lira Santa Cecília” abriu a festa tocando “13 de Maio”, mais conhecido dobrado de Gastão Pereira e uma celebração às datas de a Abolição da Escravatura e de aniversário do compositor.  Em seguida, diversos outros músicos e grupos vocais também prestaram homenagem musical a Pereira, enriquecendo ainda mais a noite.

Foi apresentada uma seleção de nove composições de Gastão Pereira, de gêneros diversos, pela Lira Santa Cecília e pelos músicos e cantores José Luiz Ricci, Celso Ricci, Mozart Morais Filho, Zelão Crispi, José Rubens Frediani, Teresinha Morais, Teresa Cristina Mello Fontanelli, do maestro Pingo, e pelos integrantes do Grupo Choro Vivo e Amigos de Tatuí (Pacheco no cavaquinho, Tiago no bandolim, Henrique na flauta).  Esse grupo de Tatuí apresentou o chorinho "Pitando no Cachimbo", composta por Gastão e gravada no CD que o conjunto está  lançando. O CD resgata 16 músicas de compositores regionais, a maioria valsas e chorinhos de conhecidos seresteiros de Tatuí, Itapetininga, Porangaba, Bofete e de Cesário Lange.

Gastão é desde 1979 o maestro da centenária “Corporação Musical Lira Santa Cecília”, historicamente a banda paulista há mais tempo em atividade. Ingressou na corporação em junho de 1939, aos 16 anos de idade, pelas mãos do mestre Sabatino Pastori.

Nascido no dia 13 de maio de 1923 e um dos nove filhos de Luiza Silveira Leite e do comerciante e ex-prefeito pereirense Agenor Pereira, sempre trabalhou como comerciante, conciliando a atividade de balcão com aulas, ensaios e apresentações musicais. Ainda pequeno, aos 12 anos, Gastão aprendeu a tocar cavaquinho, instrumento que adquiriu com 12 mil réis de suas economias. Aos 17 anos, tornou-se o primeiro saxofonista pereirense. Comprou seu primeiro saxofone alto, de fabricação nacional, na antiga Casa de Instrumentos Ubaldo de Abreu - nome do músico e maestro que lhe deu a primeira lição de sax e um método, que lhe permitiu aprender a decifrar e tocar sozinho o primeiro de uma série de outros instrumentos musicais. Na década de 40, formou e regeu a orquestra “Os Ases de Ouro”, que por quinze anos animou muitos bares, festas, bailes e carnavais em Pereiras e em outras cidades da região da sorocabana.  O músico também tocou no “Bando da Lua”, grupo de seresta e de chorinho. Compôs uma centena de músicas, nos mais variados gêneros, destacando-se valsas, chorinhos e dobrados.

  

Gastão Pereira conquistou vários prêmios em festivais de compositores, realizados em Pereiras nos anos 70 e 80. Em 1977, levou o primeiro lugar no Festival de Música Popular de Pereiras com a música “Guambi”, cuja letra é de Carlos Morais, o Tito. Em 1978, foi premiado por “Minha Cidade”, também feita com o mesmo parceiro. Em 1980, participou de um tradicional Festival de Bandas Estaduais na capital paulista, conquistando um honroso quarto lugar.

Mantendo até hoje o espírito dos velhos e autênticos seresteiros, não recusa convites para rodinhas de choro, encontros musicais e serenatas. “Gostaria de estar hoje em plenas condições para tocar, mas procuro acompanhar. Estou muito satisfeito  pela oportunidade, por ver meu trabalho acolhido pelo povo e reconhecido pelos colegas músicos”, comentou. Ele revelou ainda que ficou surpreso com a grande quantidade de pessoas no evento e agradeceu imensamente a iniciativa da Prefeitura Municipal e a dedicação de todos os envolvidos na homenagem.

Prestes a completar 88 anos, Gastão Pereira deixou a todos outra importante mensagem.  “É preciso que a população prestigie a banda e seus músicos, comparecendo e aplaudindo as apresentações do coreto e dos eventos da cidade. Esperamos que os pais incentivem mais o ensino da música aos filhos, que levem suas crianças, mesmo pequenas, para as retretas da praça aos sábados e para o curso de iniciação musical, que é gratuito, na escolinha ‘Corporação Musical Lira Santa Cecília’”, finalizou.

Vale ressaltar que além dos mestres Sabatino Pastore e Gastão Pereira, a batuta da Corporação Musical Lira Santa Cecília - orgulho de todo cidadão pereirense– esteve sob o comando de outros quatro maestros: José Teodoro da Silva, o “Zé de Benta”; Lídio Vaz de Almeida; Rafael Carlos Paschoal, o “Faé’; e José Maria Evangelista.